terça-feira, 14 de junho de 2011

Em busca do (re) conhecimento.

Ah sim, ela é formosa e carrega uma rosa vermelha nas danças de tango. Ela nunca é a mesma em todos os lugares, inconstante que só vendo para crer. No Brasil ela tem um pouco de dificuldades para se adaptar, não porque ela não quer, porque ela quer(e muito), mas porque insistem em pensar que ela não é necessária aqui. O povo nem a enxerga direito, e não sabem o que estão perdendo. Se prestassem atenção iriam ver uma beleza fascinante, uma diversidade tão grande nela, uma satisfação em existir. Ela está na boca do povo, é conhecida demais e viaja o mundo e o mundo viaja com ela. Ela é simplesmente tudo que eu aprendi a amar nos últimos meses, a língua espanhola! Espero realmente que as pessoas tomem consciência, não é necessário se empolgar por ela, mesmo porque eu não posso exigir isto de ninguém, mas que pelo menos não a rejeite, não ignore uma riqueza cultural e não tente expulsar, qualquer que seja a língua estrangeira do nosso país, regue e esperança de uma criança que sonha conhecer o mundo e poder se comunicar, regue o amor de muitos alunos por tal conhecimento, regue a alma dos professores para que eles tomem consciência do amor e do reconhecimento  do que eles levam para a sala de aula, e que muitos se empenhem mais nesse dever.

sábado, 21 de maio de 2011

Resenha do livro "A Menina que Roubava Livros", de Markus Zusak




“...em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente.”

A obra “A Menina que Roubava Livros”, do autor australiano Marcos Zusak, tem uma narradora peculiar: a própria Morte. Tomada sempre como um sujeito agente, causador de dor e desespero, no livro de Zusak ela tem importante e sutil papel como conseqüência. De quê? Dos atos humanos.
Zusak escolheu como pano de fundo para a sua história a Alemanha de Hitler, uma época em que qualquer tipo de sensibilidade era inexistente e que manter esperanças vivas parecia impossível. A Morte conta a história de Liesel Meminger, a roubadora de livros, com quem se encontrou três vezes; em todas elas, Liesel conseguiu tapeá-la.

A primeira vez em que Liesel encontra a Morte é ao perder o irmão. É no enterro dele que ela encontra o seu primeiro livro. Entregue logo após a uma família adotiva, os Hubbermann, ela busca nas palavras novas que vai, aos poucos, aprendendo com o pai adotivo, o conforto em meio ao caos provocado pela guerra.
“A Menina que Roubava Livros” é uma obra extremamente sensível, que dá um poder imenso às palavras, praticamente conferindo forma a elas. Como dito antes, o livro de Zusak também aborda a Morte de um ângulo diferente, menos acusatório.
“Sou um resultado”
É desta forma que vemos a Morte no livro de Markus Zusak, como um resultado. Todo ser-humano pensa na Morte como uma vilã horrenda e impiedosa, mas ninguém realmente chega a imaginar que, por vezes, ela é simplesmente conseqüência de nossos próprios atos, ou que ela pode vir a ser o momento em que finalmente é possível se ter paz. E em uma coisa a Morte e eu concordamos: os seres humanos são assombrosos.
É uma história comovente, uma obra leve em seu diálogo repleto de literariedade. Faz refletir.  Fez-me chorar. E, afinal, não nos deixar “os mesmos” é um dos papéis da Literatura, de uma obra rica e inteligente.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Análise da obra "A Hora da Estrela" de Clarice Lispector

A Hora da Estrela (1977) foi o último livro de Clarice Lispector publicado enquanto a autora era viva. É um texto riquíssimo que possibilita várias interpretações e várias descobertas a cada nova leitura. Portanto, vou tentar expor nesta análise um pouco do que apreendi ao lê-lo.

Esta que era uma escritora fundamentalmente marcada pela sua narrativa profundamente intimista, fazendo uma espécie de monólogo onde a narradora dialogava com ela mesma, nesta obra apresentou sinais de mudanças. Clarice pôs os seus olhos sobre o social, construiu um texto mais extrospectivo, enveredou-se por uma trama por trás da narração (e não só um simples instante que desembocava numa série de reflexões subjetivas) e até utilizou-se de um narrador, Rodrigo S.M., para então conversar com o leitor. Entretanto, essas novidades não significam que não há momentos de introspecção. Sim, há.

E por falar em trama, vamos a ela. A história dos acontecimentos é simples: gira em torno de uma jovem nordestina chamada Macabéa, que mora no Rio de Janeiro, para onde se mudou com sua intragável tia/madrasta que morreu tempo depois. Ela habitava em um quarto que divide com quatro moças, as quatro Marias, e arranja um emprego de datilógrafa. Conhece Olímpico de Jesus, também nordestino, ambicioso, por quem logo se apaixona. Porém, este a trai com sua companheira de trabalho, Glória, já que Olímpico não via chances de ascensão social em Macabéa. Resolve então, por conselho da própria Glória numa atitude talvez de remorso, consultar uma cartomante, que por sua vez prediz-lhe um futuro brilhante, que não acontece, muito pelo contrário.

A linguagem é igualmente simples para aquiescer com a vida da personagem principal: "(...) meu material básico é a palavra." (...) "Mas não vou enfeitar a palavra pois se eu tocar no pão da moça esse pão se tornará em ouro - e a jovem não poderia mordê-lo, morrendo de fome. Tenho então que falar simples para captar a sua delicada e vaga existência." A história é, então, sobre uma inocente jovem que vive no anonimato, oprimida pela pobreza e pela sociedade. É a história do desamparo e a função do narrador é permear na sua mazela e dar algum destaque à sua parca vida, já que os outros não a enxergam: " (...) tenho que tornar nítido o que está quase apagado e que mal vejo. Com mãos de dedos duros enlameados apalpar o invisível na própria lama."


Macabéa não se dava conta do significado de sua existência e da indiferença com que a mesma era tratada, não fazendo diferença para as pessoas ela existir ou não e, por isso mesmo, achava que era feliz. Até o momento que se consultou com madame Carlota, a cartomante. Ao expor o quão ordinária era sua vida, a mulher assutou Macabéa que até então não suspeitava da sua miséria. Porém, a cartomante também deu um mundo novo à pobre nordestina ao predizer um futuro ditoso em que se casaria com um gringo rico. Saiu de lá "grávida de futuro". Mas o destino se fez cruel e negou-lhe o futuro ao ser atropelada quando atravessava a rua.

Aliás, uma realidade é jogada em nossa cara: o futuro não existe. No início do livro nos é contado que um de seus títulos alternativos, "Quanto ao futuro", "é precedido por um ponto final e seguido de outro ponto final". E já nas últimas páginas, o narrador decreta: "As coisas são sempre vésperas e se ela não morre agora está como nós na véspera de morrer, perdoai-me lembrar-vos porque quanto a mim não me perdoo a clarividência." Estamos sempre na iminência de morrer.

A morte, todavia, é tratada como a redenção e a hora do auge do ser: "Algumas pessoas brotaram no beco não se sabe de onde e haviam se agrupado em torno de Macabéa sem nada fazer assim como antes pessoas nada haviam feito por ela, só que agora pelo menos a espiavam, o que lhe dava uma existência." É no momento de morrer que saímos do nosso anonimato e abandono para ganharmos notoriedade e compaixão, ficamos mais "populares". Logo, a hora da morte é a hora da estrela!


Mundo das Letras está no ar!!

Apesar de muitas pessoas insistirem que não gostam de ler e que essa prática é algo secundário e sem valor, a imersão no mundo das artes, especificamente da literatura nesse caso, é um hábito sem volta e de uma importância enorme na vida de qualquer um, seja de um letrado ou de um engenheiro. Até porque leitura não é simplesmente e apenas um instrumento necessário para a formação profissional de um linguista, professor de literatura ou jornalista, mas sim, antes de tudo, um caminho para o despertar para o mundo, uma forma de se conhecer melhor e uma prática de atividade prazerosa. É ter ao mesmo tempo liberdade e poder.

Sabendo disso, nós, estudantes de Letras da Universidade Federal de Viçosa (UFV), tivemos a iniciativa de criar o blog "Mundo das Letras" para difundir cada vez mais esse universo vastíssimo à outras pessoas, compartilhar conhecimento com estudantes de outros cursos e quem sabe de outras universidades, interagir, debater e explorar. Também constarão referências importantes sobre informações e/ou acontecimentos da própria UFV.

Portanto, sejam todos muito bem vindos. Sente-se, acomode-se e boa leitura!